Uma grávida, de 18 anos, foi colocada em uma geladeira duplex para tentar escapar de uma enchente em Mimoso do Sul (ES). A ideia surgiu do marido da jovem, que tentava salvar a mulher e a bebê que está prestes a nascer. Mesmo assim, o eletrodoméstico tombou e ela foi obrigada a nadar por quase um quilômetro.
“Achei loucura, mas foi o que me salvou”
Cidades do sul do Espírito Santo foram castigadas pelas fortes chuvas que arrastaram pessoas, casas, carros e lojas no último final de semana. Pelo menos 20 pessoas morreram, 18 em Mimoso do Sul. Na cidade, a água subiu mais de 10 metros de altura. Elivanda e o companheiro, Rulian Dias Amaral, 20, moram no segundo andar de uma casa e viram a água invadir o local.
“Eram 2 horas da manhã quando a água começou a subir com uma força muito grande. Vimos nossos móveis que compramos há três meses sendo destruídos. Vi nossas roupas boiando, o desespero dos nossos vizinhos, todo mundo estava desesperado sem saber o que fazer. A rua virou um rio, um mar, as ondas eram fortes e altas, começamos a boiar e a chorar”,
contou Elivanda de Souza Brandão.
“Uma hora depois, às 3h da manhã, já estávamos no teto e a única coisa que boiava era a minha geladeira e as roupas, eu não via mais nada. Meu marido teve a ideia de me colocar dentro da geladeira para tentar nos salvar. Eu achei uma loucura, falei que não ia funcionar, mas não tínhamos escolhas. Subimos a geladeira para o telhado, eu entrei nela e fui boiando até onde deu. Comecei a rezar e a chorar muito, achava que ia morrer ali dentro afogada. Já não tinha esperança de vida, mas essa estratégia foi o que me salvou da morte”
A cidade se transformou em um rio, Elivanda boiou por aproximadamente 15 minutos, até que o eletrodoméstico bateu em uma árvore e tombou. “Começou a entrar água com tanta rapidez que tive que nadar do jeito que estava. Vi o meu marido de longe, mas tive que nadar contra as ondas para conseguir chegar a uma varanda para me salvar. Até que consegui e o meu marido veio atrás e assim sobrevivemos. Eu tinha certeza que iríamos morrer nessa tragédia”, contou a dona de casa.
Pedreiro salvou cadeirante
Antes de Elivanda entrar na geladeira, Rulian, que é pedreiro, nadou até a casa de um vizinho para tentar salvá-lo. O homem é cadeirante e estava desacordado e com muita água na boca.
“Tive que sair nadando atrás do meu vizinho e ela já estava botando muita água pra fora da boca e nariz. Fui arrastando ele até uma área do terceiro andar. Eu e outro vizinho tiramos ele pelo telhado. Conseguimos salvar a tempo até que ele ficasse seguro. Não pensei muito, só queria ajudá-lo. “- Rulian Dias Amaral.
Não sobrou nada da casa de Elivanda e Rulian. O casal espera a pequena Maria Cecília. A jovem está no oitavo mês de gestação e, segundo os médicos, a criança pode nascer a qualquer momento.
Fonte: UOL