O Bank of America está sendo acusado de praticar discriminação e perseguição religiosa e política contra entidades cristãs apoiadas por igrejas nos Estados Unidos. Um grupo de 15 procuradores-gerais publicou uma carta exigindo explicações da empresa.
Os procuradores, liderados por Kris Kobach, procurador-geral do Partido Republicano no Kansas, desconfiam que a empresa “seja responsável por alguns dos casos mais conhecidos de desbancagem” e que também envie informações privadas ao governo federal para fazer parecer que alguns clientes conservadores seriam “potenciais terroristas domésticos”.
“O seu comportamento discriminatório é uma séria ameaça à liberdade de expressão e à liberdade religiosa, é potencialmente ilegal e está a causar reações políticas e regulatórias. Seu banco precisa ser transparente e garantir a nós, a seus acionistas e a outros, que não continuará a desbancarizar clientes por causa de seus discursos ou exercícios religiosos”, diz o documento.
Entidades cristãs
Uma das entidades que denunciou o comportamento incomum do Bank of America foi a Timothy Two Project International, que em 2020 recebeu um comunicado do banco informando que sua conta seria encerrada pois operavam “um tipo de negócio que optamos por não atender”.
A Timothy Two Project International é uma organização apoiada por igrejas que se dedica à formação de pastores, segundo informações do portal The Christian Post.
Já em 2023, o Bank of America fechou a conta do Indigenous Advance, uma instituição de caridade com sede em Memphis que atende povos indígenas em Uganda desde 2015, usando uma justificativa muito semelhante à informada à Timothy Two e acrescentando que a conta de crédito não estava mais “alinhada com a tolerância ao risco do banco”.
A igreja Servos de Cristo, também de Memphis, fazia doações esporádicas ao Indigenous Advance, mas também teve sua conta no Bank of America encerrada sem nenhuma explicação razoável.
Esse caso, porém, atraiu a atenção da mídia internacional, os procuradores-gerais se debruçaram sobre o caso e concluíram que as alegações da empresa eram falsas.
Simultaneamente um relatório divulgado no mês passado pelo Comitê Judiciário da Câmara dos EUA e seu Subcomitê Selecionado sobre o Armamento do Governo Federal concluiu que o Bank of America e outras grandes instituições financeiras dos EUA forneceram ao FBI e ao ramo de aplicação da lei do Departamento do Tesouro dos EUA informações financeiras privadas sem mandado, em um comportamento colaborativo similar ao adotado por empresas de mídias sociais com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil, no escândalo revelado pelo empresário Elon Musk.
“As táticas incluíam filtragem de transações por palavras-chave, visando termos como ‘MAGA’ e ‘TRUMP’, bem como compras de livros, textos religiosos, itens relacionados a armas de fogo e lojas recreativas”, apontou o Comitê Judiciário num comunicado de imprensa. “Esta vigilância estendeu-se para além da suspeita criminal, provavelmente abrangendo milhões de americanos com pontos de vista conservadores ou interesses da Segunda Emenda”.
Os procuradores-gerais observam que a discriminação de pontos de vista aparentemente surgiu em outras grandes instituições financeiras dos EUA, como o JPMorgan Chase, que ganhou as manchetes em 2022 quando fechou a conta bancária do Comitê Nacional para a Liberdade Religiosa (NCRF).
Um porta-voz do Bank of America rejeitou qualquer alegação de envolvimento em práticas discriminatórias: “As crenças religiosas não são um fator em qualquer decisão de encerramento de conta. Estamos orgulhosos de fornecer serviços bancários a organizações sem fins lucrativos afiliadas a diversas comunidades religiosas nos Estados Unidos”, declarou.
“Nossa divisão nos EUA que atende pequenas empresas não oferece serviços bancários a organizações que prestam serviços de cobrança de dívidas para uma variedade de considerações relacionadas ao risco e não atende pequenas empresas que operam fora dos Estados Unidos”, acrescentou o porta-voz.
Tradução livre por Júlia Macedo
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