A empresária Juliana Vilela, 30, achou que tinha uma espinha no nariz que nunca sarava. Incomodada, ela procurou uma dermatologista para resolver o problema. Contudo, começava naquele momento uma jornada intensa até o diagnóstico.
Ela tem um câncer raro chamado sarcoma e foram necessárias três biópsias para fechar seu diagnóstico. Em meio ao tratamento, e a diversas cirurgias no rosto, ela achou que o noivo iria desistir do relacionamento. Mas Caio Vasconcelos, 30, a surpreendeu: propôs que eles se casassem ainda mais cedo. A Universa, ela conta sua história:
“Em abril de 2023, apareceu um sinal no meu nariz que parecia uma espinha interna. Estava alto e bem feio, então procurei uma dermatologista na minha cidade, São Luís, no Maranhão. A médica colheu material para uma biópsia e o resultado foi que não era nada maligno, mas não especificava o tipo da doença.
Ela fez a cauterização e a região não cicatrizava. Comecei a achar muito estranho e procurei um outro dermatologista. O sinal no meu nariz também começou a aumentar. Foi aí que comecei uma novela: consultei mais de 10 médicos e ninguém conseguia resolver.
“Tenho uma loja de roupas e faço vídeos para as clientes com os looks novos, faço vídeos, e não conseguia mais. Me sentia feia, mal tinha coragem de sair de casa. Para tudo precisava usar muita maquiagem para disfarçar a mancha no meu rosto.”
Vou muito para São Paulo por conta do meu trabalho, então conversei com a minha mãe e decidi marcar uma consulta lá. Antes de irmos, minha mãe encontrou com uma amiga no mercado que contou que estava fazendo um tratamento no Hospital A.C. Camargo. Desconfiando do que eu tinha, ela pediu os contatos do local e marcou uma consulta sem me dizer.
Novo diagnóstico
No A.C. Carmargo, os médicos viram o sinal no meu nariz e disseram que tinha um aspecto de carcinoma, o tipo mais comum de câncer de pele. Seria necessário fazer mais uma biópsia. Eu não queria, já estava bem feio meio rosto e tinha feito uma biópsia há pouco tempo. Mas eles me explicaram que precisavam de uma feita pelos especialistas do local.
O resultado foi inconclusivo para sarcoma, que é um câncer mais raro e maligno de pele. Mas o patologista pediu para que eu passasse por um procedimento de remoção de toda a lesão para ter certeza do que estava acontecendo ali.
Fiquei triste, mas naquele momento não tinha dimensão da doença. Me sentia bem. Fiz o procedimento e voltei para a minha vida normal.
O segundo resultado da biópsia foi um choque: era, de fato, um sarcoma. O médico me explicou que eu precisaria remover toda a lesão. Minha opção agora era remover todo o nariz e usar pele da testa para fazer um enxerto e reconstruí-lo.
“Fiquei arrasada e minha autoestima foi lá no chão. Era um sentimento meio doido: em vez de me preocupar com o câncer, me preocupei com a minha aparência. Daí comecei a me sentir mal por estar pensando na estética
Para fazer o tratamento precisei me mudar para São Paulo. Sou empreendedora e não conseguia trabalhar à distância na minha loja. Estávamos no final do ano, a melhor época de vendas e estava preocupada em conseguir pagar as contas. Chorava todos os dias.
Comecei a fazer vídeos como estava mesmo. E algumas blogueiras de São Luís e minhas amigas me ajudaram muito fazendo as publicações. As funcionárias da minha loja me deram muita força também. Não baixei a cabeça e nem me entreguei pra doença.
Saiba mais sobre o sarcoma
O oncologista João Duprat, líder do centro de referência em tumores cutâneos do hospital A.C. Camargo, diz que o sarcoma é um câncer raro e que, quando uma cauterização não funciona, é importante fazer uma avaliação com um especialista.
“Para você ter uma ideia, a cidade de São Paulo tem cerca de 20 milhões de habitantes e registra, no máximo, 2.000 casos de sarcoma ao ano. E é ainda mais difícil de ser encontrado em uma pessoa jovem”, explica.
Segundo Olavo Feher, chefe do grupo de diversos da oncologia clínica do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), o principal tratamento para esse tipo de câncer é a cirurgia.
“Muitas vezes usamos radioterapia e quimioterapia, mas vai depender do tipo de sarcoma, se eles são agressivos e se vão responder bem a esse tratamento. Algumas vezes, eles são feitos antes da cirurgia, para diminuir o tumor”, explica.
Feher avisa que é preciso ter atenção em crescimentos anormais no corpo. “Que podem acontecer em qualquer lugar, mas normalmente é no tronco, abdome e membros. Esse crescimento é devagar, por isso o paciente pode demorar para perceber”, diz. Mas é importante que um profissional da saúde seja procurado o mais rápido possível.
Fonte: UOL
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