Mentir é um ato provavelmente tão antigo para o ser humano que pode ser considerado milenar. Comprovadamente, no entanto, o Dia da Mentira passou a ser celebrado em 1º de abril ao menos desde a instituição do Calendário Gregoriano, no século 16. A nova forma de contar o tempo substituiu o Calendário Juliano por determinação do Concílio de Trento (1545-1563), como informam dados da Agência Brasil, órgão de comunicação oficial do governo brasileiro.
A reunião de clérigos católicos, em Trento, na Itália, durante a Idade Média, foi uma resposta à Reforma Protestante e pretendia reafirmar a autoridade da Igreja Católica, como conta a World History Encyclopedia. Mas também acabou mudando a maneira como as pessoas que seguiam a religião cristã contavam seus dias.
A partir dessa alteração, o ano se iniciaria em 1º de janeiro, estaria dividido em 12 meses (ou 365 dias), contendo quatro estações distribuídas por eles e seguindo o movimento da Terra em relação ao Sol.
O Dia da Mentira, em 1º de abril, surgiu como uma forma bem-humorada de protestar contra as novas mudanças.
Qual é a origem do Dia da Mentira?
A Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido), por sua vez, defende que as verdadeiras origens do Dia da Mentira não são totalmente reconhecidas. Até porque, a data tem similaridades com festivais como a Hilária, da Roma Antiga, realizada em 25 de março, ou a celebração do Holi na Índia, que termina em 31 de março, que podem tê-la influenciado, diz a fonte.
Ainda assim, acredita-se que o Dia da Mentira surgiu na França, quando parte da população se recusou a aceitar que o Ano Novo não começaria mais na Páscoa, mas sim em 1º de janeiro. Os que seguiram apegados aos antigos costumes foram chamados de “tolos de abril”, já que este é o mês onde a celebração católica acaba ocorrendo, afirma a Britannica. A alteração teria ocorrido a partir de agosto de 1564, quando foi promulgada pelo rei francês Carlos 4º.
Já no Brasil, no entanto, a tradição de pregar peças por conta do Dia da Mentira foi introduzida em 1828, afirma o site da agência governamental brasileira. A ideia de fazer uma brincadeira “mentirosa” foi do jornal impresso mineiro “A Mentira” que, segundo se conta, trouxe em sua primeira edição a morte de Dom Pedro 1º na capa, sendo publicado justamente em 1º de abril. A verdade é que Dom Pedro 1º faleceu muitos anos depois, em 24 de setembro de 1834, em Portugal.
Há ainda uma crença de que o Dia da Mentira estaria ligado à chegada da primavera, durante o equinócio, que acontece em 21 de março no Hemisfério Norte. Isso porque a mudança na estação do ano pode “enganar” as pessoas, já que o clima deixa de ser frio gradualmente, com dias mais ou menos quentes, explica a plataforma inglesa.
Em todos os casos, no entanto, a ideia central do Dia da Mentira é fazer alguém de “bobo” contando algo que não é verdade. “Na França, por exemplo, a pessoa enganada é chamada de poisson d’avril (ou “peixe de abril”), em referência a um peixe jovem e, portanto, fácil de ser capturado”, explica a Britannica. No Brasil, com o advento da internet, se tornou comum enviar mensagens com brincadeiras a parentes e amigos, para depois dizer que a pessoa “caiu no 1º de abril”.
Fonte: National Geographic Brasil
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