Uma língua está tão ligada à sua cultura que se uma for alterada a outra também será.
Pois a linguagem de um povo é funcional para sua perspectiva e cultura.
Frequentemente pessoas fazem interpretações das escrituras na perspectiva filosófica grega e na visão romana, pois esses dois se tornaram os pilares da cultura ocidental que vivemos.
A questão é que ao ler as escrituras estamos lidando com uma perspectiva diferente da nossa. Além disso é uma linguagem muito antiga, o que demanda pesquisa por palavras, invés de simplesmente reinterpretar textos pela perspectiva platônica, socrática e as demais visões que não condizem com a realidade do antigo hebreu.
Por exemplo, em Números 15:38 -39 é dito:
“Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que farão para si borlas nas pontas de suas vestes nas suas gerações, e que porão na borla de cada ponta um cordão azul.
Terás estas borlas para olhar e assim te lembrarás de todos os mandamentos do Senhor, para que os obedeças e não te prostituas, perseguindo as concupiscências do teu coração e dos teus olhos.”
A palavra hebraica é צִיצִת (Tsitsit) que é derivada de צִיצִ (tsit), flor da amendoeira que se tornará fruto.
A função deste adorno é lembrar sobre os mandamentos e dar frutos, resultados, conforme o comportamento em obediência.
Segundo o pesquisador do antigo Hebraico, Jeff A. Benner, esta compreensão do Tsitsit permaneceu plena ainda entre os Judeus antes da revolta de Bar Kokhba em 135 DC, quando foram dispersos por diferentes nações.
A partir disso a língua nativa deles se resumiu ao contexto da fé, já que a linguagem em volta era em maioria grega, com palavras e ideias próprias, mudando assim a perspectiva do Tsitsit para simplesmente uma franja decorativa. E essa percepção continuou sendo alterada a cada nova linguagem e cultura adotada, seja espanhol, alemão ou inglês.
Quando em 1948 é estabelecido o estado Judeu, a língua hebraica voltou a ser cotidiana, porém a perspectiva original já havia desaparecido a muito tempo e a influência ocidental se manteve. E agora, mesmo para um Judeu ortodoxo, o Tsitsit é uma franja ornamental e não mais a funcionalidade da flor que precisa dar fruto.
Essa mesma ocorrência pode ser vista em muito da língua hebraica como por exemplo a palavra TORÁ, que no seu original significa JORNADA, mas no hebraico moderno é simplesmente: doutrina.
A palavra COHEN, que na sua origem significa A BASE DA COMUNIDADE, no hebraico moderno significa Sacerdote-religioso.
A palavra KADOSH que seria mais bem traduzida para ESPECIAL, se tornou sagrado-religioso.
É comum que as pessoas pelo costume procurem traduzir uma palavra hebraica para outra de sua linguagem, mas essa insistência consiste num erro absurdo que é o de acreditar que sempre haverá uma palavra no seu sistema de linguagem idiomático para expressar plenamente o significado.
Ou seja, é possível que uma única palavra de outro idioma mais rico, precise ser explicada em uma frase ou quem sabe um texto, para que seu significado seja exposto.
Naturalmente, uma coleção tão grande de escritas em outra linguagem (como é a bíblia) precisa de revisões e se há dúvidas de como traduzir ou interpretar, seria mais seguro não se envolver, pois a verdade sempre aparece!
Diante disso, ainda temos os fracos na fé, que encontram um prato cheio para negar as escrituras, tornando-se opositores que acusam os tradutores de manipulação, politizando o assunto. E isso não é uma defesa aos tradutores da Bíblia!
“Mas e Deus onde fica? Por que não esclarece tudo de uma vez?”
Para um ateu, essas perguntas são bem inteligentes, mas o conteúdo das escrituras que ele não domina, são de ponta a ponta honestos de revelar que se trata de uma jornada de crescimento gradativo. As “regras do jogo já foram estabelecidas”. Não vale a pena discutir isso.
Portanto, as escrituras não são respostas para um debate, mas caminhos de uma jornada que você, muitas vezes só (sem apoio de outros), vai compreendendo gradativamente conforme aumenta sua confiança no Criador. Então as profecias e histórias que antes pareciam só anotações, agora são estradas que se abrem para você e muitos outros “selos” vão sendo abertos diante de seus olhos conforme sua determinação.
Mateus 7:7-8
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Pois todo aquele que pede recebe, e quem busca encontra, e a quem bate será aberto.”
É necessário esforço e determinação para avançar nessa jornada e ponto final!
Muitos citam a passagem “Não te mandei eu? Seja forte e corajoso. Não se assuste, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”.
Mas ignoram o que está escrito antes:
Josué 1:7
Tão-somente sê forte e muito corajoso, tendo o cuidado de fazer conforme toda a lei que Moisés, meu servo, te ordenou. Não te desvies dela nem para a direita nem para a esquerda, para que tenhas bom êxito por onde quer que vás.
O esforço e a determinação na busca, na meditação diária, nas pesquisas e nas orações, fazem parte do processo para os que querem a vida que Adão e Eva menosprezaram.
Shalom e até a próxima!